Justiça por todos os George Floyd
Um ser humano é asfixiado até à morte por um agente da autoridade - um Estado não pode executar um cidadão em praça pública e passar impune.
Todos os dias chegam-nos histórias como a de George Floyd. Seja nos Estados
Unidos, em Hong Kong ou em qualquer
outro lado, perecem constantemente pessoas às mãos do poder abusivo e da
autoridade sem escrúpulos, característico de regimes opressivos. É inevitável o
recurso à violência por parte de quem é oprimido - é o princípio básico, por
exemplo, do contrato social de Locke. Quando um Estado, cujo dever é zelar pelo
bem-estar dos seus cidadãos, começa a matá-los, podemos condenar a resposta
natural que daí advém?
Tenho sorte de não saber o que é ser
discriminado por razões étnicas, religiosas, género, orientação sexual ou
outras, muito menos pelo sistema que deveria ter zero tolerância ou
benevolência por tal ato. Por conseguinte, como reagiria se acontecesse comigo?
E se, para além disso, o sistema que tem a obrigação de me proteger se estivesse
a borrifar? Ou ainda, se esse sistema fosse o praticante desses atos
discriminatórios? Estando a minha vida em perigo constante, como me defenderia?
Um Estado não pode executar um cidadão em praça pública e passar impune. Demasiadas centenas de George Floyd continuam a ser mortos pela autoridade todos os anos. Nos Estados Unidos da América, em 2019, de todos os mortos pela polícia, 24% eram negros, apesar da comunidade afro-americana representar apenas 13% da população do país. Apesar da probabilidade de um negro estar desarmado ser 1,3 vezes superior à de um branco, a morte de um negro pela polícia é 3 vezes mais provável que a morte de um branco. O Estado norte-americano nada tem feito para combater o problema da violência e racismo policial - a atual Administração tem até revogado determinadas leis que caminhavam nessa direção. Trump pedia a Xi Jinping para ir à rua e falar com os manifestantes hongueconguenses, mas quando os protestos chegam à porta, esconde-se no seu bunker.
«In the end, we will remember not the words of our enemies, but the
silence of our friends.» - Martin Luther King. Não façamos silêncio.
João Miguel Simões
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