Conto inspirado no conto «Na sexta-feira venho contigo»
Eu não conseguia tirar aquela maravilhosa frase da minha cabeça. Nem sequer consegui aproveitar o meu fim de semana. Não fiz mais nada para além de sonhar com aquele passeio. Não me surpreenderia que depois dele acabássemos casados com quatro filhos e um rottweiler.
Domingo à noite, recebi uma chamada da Carolina a perguntar-me se a ida ainda estava nos meus planos. Respondi-lhe rapidamente. Não queria que ela ficasse à espera.
Na segunda-feira, durante as aulas não ouvi absolutamente nada do que me disseram. Eu estava tão desconcentrado que entrei por duas vezes em salas de outras turmas.
Depois das aulas, eu e a Carolina encontramo-nos à porta da escola. As palavras saíam-me todas trocadas. Ela perguntou-me:
- ¿Estás nervoso? - ¡Oh, como eu estava! - Não precisas de estar. Só vamos juntos para casa.
Ela não entendia. Para ela era só uma ida para casa, mas, na verdade, ¡era uma passo para o nosso futuro! De qualquer forma, acalmei-me.
Estava um clima húmido e a brisa fazia com que o cabelo dela pairasse no ar. A floresta dançava ao som da nossa conversa. Os animais, esses observavam-nos. Olhávamos-nos e sorriamos com frequência. O vento viajava para o Sul e som dos rapazes do Lugar de Cima era estrondoso.
O falatório, pouco a pouco, ajudou a que nos conhecêssemos melhor, até que ela chegou a casa de uma amiga sua. Antes de se despedir de mim, Carolina questionou-me se eu tinha gostado da sua companhia. Obviamente que sem falinhas mansas respondi-lhe que sim e que desejava que repetíssemos mais vezes esse tipo de encontros. Então, ela abriu a boca, inclinou ligeiramente a cabeça para trás e deu uma gargalhada dizendo:
- ¡Na sexta-feira venho contigo!
A partir daí, senti um dèjá vu de emoções que me puseram a rir como um tolo. Tudo por causa da maravilhosa frase: ¡Na sexta-feira venho contigo!
Luís M. Silva
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A. Souto