Estado de graça

Nunca fui grande apreciador da esquerda gourmet, mas há coisas que têm de ser ditas.

A direita em Portugal anda meio esquecida das prioridades do momento. Numa altura tão decisiva para o futuro socioeconómico do país, da Europa e do mundo, não fazem valer aquilo que pregaram em tempo de eleições. Tanto falavam (e bem!) da elevadíssima carga fiscal, da baixa qualidade dos serviços públicos, dos dúbios negócios do Governo... E agora? Mostram-se mais ralados com os elogios do estrangeiro, eleições presidenciais e mesquinhices ideológicas, enquanto os negócios se vão afogando na lama e o povo caindo na pobreza. Até o PCP tem falado mais de PME do que quem 'deve'...

A verdade é que até o ex-namorado do Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, independentemente da carrada de visões com as quais discordo, tem por infindas vezes atacado as questões acertadas. Catarina Martins diz que o Governo encornou o seu partido com a direita - talvez a sua ira se tenha transformado num rejuvenescido foco para a política, enquanto que no outro lado da bancada a PDI comece a tocar a alguns... Arrisco-me a dizer que a pandemia veio mesmo a calhar ao BE, na medida em que veio dar provas àquilo que tanto têm dito sobre o SNS. Sei que muitos na direita em Portugal são, infelizmente, contra o Estado Social, mas ao menos podiam ser apologistas de um mais eficaz, um que utilizasse o nosso dinheiro o melhor possível.

Falem mais de impostos e menos da telescola. Preocupem-se mais com a saúde e menos com populistas. Precisamos de oposição digna desse nome, é assim que isto anda para a frente.


João Miguel Simões


Comentários

António Souto disse…
João, podes (e sabes que consegues) refinar um pouco mais os textos.
Não te esqueças que o 'remate' (dos textos) não pode desequilibrar o todo!
A. Souto

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